• “Angola tem vindo a levar muito a sério o seu programa de acção climática”


    Angola tem vindo a levar muito a sério o seu programa de acção climática, de modo a contribuir de forma efectiva para a redução dos efeitos adversos da poluição ambiental, revelou, terça-feira, na Cimeira do G20, o Presidente da República, João Lourenço.

    O Chefe de Estado, que discursava na segunda e última sessão de debate da Cimeira do G20, subordinada ao tema “Desenvolvimento sustentável e transição energética”, destacou o facto de o país estar a trabalhar, aturadamente, para modificar a matriz de produção de energia eléctrica, evoluindo para fontes limpas.

    “Destaco, neste âmbito, o facto de que 64 por cento da energia que produzimos em Angola é gerada por fontes limpas, das quais 60 por cento provêm de barragens hidroeléctricas e quatro por cento de parques de painéis fotovoltaicos de energia solar”, disse.

    O Presidente João Lourenço referiu, ainda, que este esforço faz parte da contribuição de Angola para que, através de mecanismos funcionais de promoção da transição energética, “possamos cumprir e respeitar os entendimentos internacionais sobre esta matéria”, com especial ênfase para o Acordo de Paris, sobre as Alterações Climáticas.

    Na mesma esteira, enfatizou a decisão de Angola trabalhar na aprovação de uma estratégia sobre a electro-mobilidade, exploração responsável de hidrocarbonetos e descarbonização do sector Petrolífero.

    “Queremos ampliar o alcance da nossa contribuição, para garantir a transição energética na África Austral, disponibilizando os nossos excedentes de produção de energia limpa aos países da região, para o que convidamos o sector privado a construir, em parcerias público-privadas, as linhas de transmissão de energia eléctrica aos países da região da África Austral”, sustentou.

    O exemplo citado, acrescentou o estadista angolano, serve para demonstrar que, se de um lado os países desenvolvidos possuem a capacidade de investimento e dominam tecnologias de fontes de energia renováveis essenciais para a descarbonização do sector Energético, por outro, os países de baixa e média renda seguem com dificuldades para implantá-las.

    João Lourenço referiu-se, ainda, a adopção de leis com efeito supranacional, que limitam a indústria extractiva, em que destaca a produção de petróleo, realçando que “merecem uma abordagem equilibrada e realista”, para não se “cair em soluções extremas”, que, sublinhou, “acabariam por criar dificuldades de toda a índole”, afectando os esforços de desenvolvimento dos países mais carenciados, podendo agravar a situação de pobreza das populações.

    Angola, revelou o Chefe de Estado, está a empreender um grande esforço para observar, com rigor, nos programas de desenvolvimento que está a delinear, as mais importantes decisões e recomendações sobre a preservação ambiental, admitindo, no entanto, que “faltam recursos financeiros, meios tecnológicos e recursos humanos suficientes e convenientemente preparados para lidar com este problema”.

    Em Angola e em África, de uma maneira geral, sublinhou João Lourenço, existe uma vontade política firme de assumir um conjunto de iniciativas fundamentais, para se conseguir alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, consagrados na Agenda 2030 das Nações Unidas.

    “Pretendemos continuar a sensibilizar os nossos parceiros internacionais com reconhecida robustez financeira, tecnológica e científica, para se engajarem mais na luta contra as alterações climáticas, fazendo subvenções adicionais distintas da ajuda pública ao desenvolvimento”, referiu João Lourenço, para em seguida acrescentar que não se deve prejudicar a assistência a outras necessidades ligadas ao crescimento económico e ao progresso.

    Países que estão em processo de crescimento e desenvolvimento, referiu o Chefe de Estado, necessitam de um apoio adequado, consistente e atempado, através da disponibilização de recursos financeiros e de tecnologias, que lhes permitam fazer face à desertificação, à degradação dos solos, à seca e a outros fenómenos críticos, que afectam a implementação bem-sucedida de programas de adaptação e mitigação dos efeitos decorrentes das alterações climáticas.

    “Só realizando este esforço, de uma maneira partilhada, seremos capazes de enfrentar o sério problema da degradação ambiental, que já vai deixando, de forma muito evidente, sinais preocupantes sobre os seus efeitos devastadores, como tivemos a oportunidade de observar muito recentemente no Leste e Sul de Espanha, na costa sul e Leste dos EUA, na Itália ou em Angola na região Sul, como já tive a oportunidade de referir numa das minhas intervenções anteriores”, disse.

    O Presidente da República defendeu, a finalizar, que a preocupação sobre os esforços a serem desenvolvidos, para se garantir o Desenvolvimento Sustentável, deve ser abordado “numa perspectiva não circunscrita apenas à questão do ambiente desassociado de outros factores”, como o da dívida externa por vezes incomportável, que, por fragilizar a capacidade de intervenção dessas nações, deve ser tratada pelos países e instituições credoras com um profundo sentido de solidariedade e de justiça.